Fuller agarra tema pelas entranhas
INÁCIO ARAUJO
Dizer que "Matei Jesse James" é o primeiro filme de Samuel Fuller não é dizer muito: todos começam de algum lugar. Mas o que surpreende é a firmeza com que, desde os letreiros, formula um programa que desenvolverá com coerência pela vida.
Comecemos pelo protagonista: não Jesse James, o famoso bandido, mas Bob Ford, o amigo que atirou nele pelas costas. Aí está Fuller abrindo caminho com o que se tornaria um hábito: entrar pela porta dos fundos, apanhando seu assunto pelos fundilhos, mostrando suas entranhas.
Ford é um personagem trágico, na visão de Fuller, porque trai Jesse visando a recompensa prometida e ainda uma sonhada anistia. Com as duas, poderá casar. Desde então, o assassinato parece legitimar-se aos olhos de Bob. O objetivo parece perdoá-lo. O futuro dirá que as coisas não são tão simples.
O cinema de Fuller tem como apoio o de Fritz Lang. Para começar, não se toma em momento nenhum por "divertissement". Não visa seres com vida sossegada: interessam-lhe as situações limite, os pontos de tensão altos.
Fuller ainda não concebe seus filmes em planos longos e arrojados. Em compensação, tira todo proveito do "close up". Por vezes irregular, "Matei..." não é impecável. É, ainda assim, imperdível.
INÁCIO ARAUJO
Dizer que "Matei Jesse James" é o primeiro filme de Samuel Fuller não é dizer muito: todos começam de algum lugar. Mas o que surpreende é a firmeza com que, desde os letreiros, formula um programa que desenvolverá com coerência pela vida.
Comecemos pelo protagonista: não Jesse James, o famoso bandido, mas Bob Ford, o amigo que atirou nele pelas costas. Aí está Fuller abrindo caminho com o que se tornaria um hábito: entrar pela porta dos fundos, apanhando seu assunto pelos fundilhos, mostrando suas entranhas.
Ford é um personagem trágico, na visão de Fuller, porque trai Jesse visando a recompensa prometida e ainda uma sonhada anistia. Com as duas, poderá casar. Desde então, o assassinato parece legitimar-se aos olhos de Bob. O objetivo parece perdoá-lo. O futuro dirá que as coisas não são tão simples.
O cinema de Fuller tem como apoio o de Fritz Lang. Para começar, não se toma em momento nenhum por "divertissement". Não visa seres com vida sossegada: interessam-lhe as situações limite, os pontos de tensão altos.
Fuller ainda não concebe seus filmes em planos longos e arrojados. Em compensação, tira todo proveito do "close up". Por vezes irregular, "Matei..." não é impecável. É, ainda assim, imperdível.
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