De Palma faz enterro do cinema clássico
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
É muito forte a tentação de dizer que o diretor e roteirista Brian de Palma não passa de um imitador reles de Alfred Hitchcock, quando se revê (ou se vê pela primeira vez) "Vestida para Matar", produção de 1980 estrelada por Michael Caine.
Afinal, lá estão "Psicose", "Um Corpo que Cai", "Janela Indiscreta", para lembrar o imediatamente lembrável, devidamente decalcados. Mas, olhando bem, não é Hitchcock. Tudo isso é outra coisa.
É como se estivéssemos diante de uma tapeçaria, onde conhecemos cada motivo, mas o conjunto é inteiramente diferente. Nos filmes citados acima, temos um inventor do cinema no momento em que já desconfia do cinema -e, a rigor, torna-se um moderno.
Em "Vestida para Matar", de Palma talvez pensasse, já, em um funeral do cinema clássico, essa arte sedutora e autoritária que, à maneira de um travesti ou, talvez, de um psicanalista, interpreta a vida por nós e/ou se encarrega de dirigir o nosso olhar.
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
É muito forte a tentação de dizer que o diretor e roteirista Brian de Palma não passa de um imitador reles de Alfred Hitchcock, quando se revê (ou se vê pela primeira vez) "Vestida para Matar", produção de 1980 estrelada por Michael Caine.
Afinal, lá estão "Psicose", "Um Corpo que Cai", "Janela Indiscreta", para lembrar o imediatamente lembrável, devidamente decalcados. Mas, olhando bem, não é Hitchcock. Tudo isso é outra coisa.
É como se estivéssemos diante de uma tapeçaria, onde conhecemos cada motivo, mas o conjunto é inteiramente diferente. Nos filmes citados acima, temos um inventor do cinema no momento em que já desconfia do cinema -e, a rigor, torna-se um moderno.
Em "Vestida para Matar", de Palma talvez pensasse, já, em um funeral do cinema clássico, essa arte sedutora e autoritária que, à maneira de um travesti ou, talvez, de um psicanalista, interpreta a vida por nós e/ou se encarrega de dirigir o nosso olhar.
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