DIMENSÃO DA GUERRA SURGE EM "PECADOS"
INÁCIO ARAUJO
Se o realizador de "Procedimento Operacional Padrão" (que passa na Mostra de São Paulo deste ano) tivesse visto - ou levado a sério - "Pecados de Guerra" perceberia que o crime de tortura, cometido na Guerra do Iraque e em que se detém, não é o verdadeiro crime.
O crime é a guerra em si. De certa forma, o documentário recente quer até desenvolver esse ponto de vista: acima dos envolvidos na tortura está o Estado Maior e acima dele, ainda, a Casa Branca e a guerra com sua insânia.
O curioso é que tudo isso está em "Pecados de Guerra", que tem no centro um soldado que se recusa a violentar e matar uma jovem vietnamita, ao contrário de seus outros quatro companheiros. Pode parecer que "Pecados" individualiza a questão. Não é bem assim: ele apenas faz o caminho inverso, da guerra e da Casa Branca até chegar aos soldados criminosos. A questão não é apagar os pecados, é dar-lhes a dimensão devida.
(texto publicado na Folha de S. Paulo do dia 22 de outubro de 2008)
INÁCIO ARAUJO
Se o realizador de "Procedimento Operacional Padrão" (que passa na Mostra de São Paulo deste ano) tivesse visto - ou levado a sério - "Pecados de Guerra" perceberia que o crime de tortura, cometido na Guerra do Iraque e em que se detém, não é o verdadeiro crime.
O crime é a guerra em si. De certa forma, o documentário recente quer até desenvolver esse ponto de vista: acima dos envolvidos na tortura está o Estado Maior e acima dele, ainda, a Casa Branca e a guerra com sua insânia.
O curioso é que tudo isso está em "Pecados de Guerra", que tem no centro um soldado que se recusa a violentar e matar uma jovem vietnamita, ao contrário de seus outros quatro companheiros. Pode parecer que "Pecados" individualiza a questão. Não é bem assim: ele apenas faz o caminho inverso, da guerra e da Casa Branca até chegar aos soldados criminosos. A questão não é apagar os pecados, é dar-lhes a dimensão devida.
(texto publicado na Folha de S. Paulo do dia 22 de outubro de 2008)
4 Comments:
thoreau já se recusava a pagar parte de seus impostos justamente para evitar o financiamento da guerra. tem também a mocinha de stranger than fiction, que deduz, pessoalmente, de seus impostos a porcentagem que considera ser do orçamento das forças armadas.
By Anonymous, at 10:38 AM
Vi o filme numa dessas noites insones no intercine, e posso dizer que não me impressionou muito.
By sensei allegro, at 11:02 AM
Diego, com a estreia de INIMIGOS PUBLICOS, você podia tentar uma série de artigos do Inácio sobre filmes do Michael Mann. Abraços!
By Marcelo Miranda, at 8:20 AM
Boa sugestão, Marcelo. Vou ver o que consigo achar. Abraço.
By Diego, at 8:42 AM
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