"AS SAFADAS" FOGE DO ÓBVIO DE HOJE NA TV
INÁCIO ARAUJO
Por que, numa Sexta-Feira Santa, eu preferiria um filme como "As Safadas" (Canal Brasil, 0h), a, digamos, "Os Dez Mandamentos" (Telecine Cult, 18h10)?
Porque "Os Dez Mandamentos" todo mundo sabe o que é, porque é e até como é. Está recomendado automaticamente.
"As Safadas" é bem o contrário: uma produção ínfima de A.P. Galante, que, durante um tempo de inflação desbragada, soltou três equipes a filmar ao mesmo tempo: prazo de seis dias e cinco rolos de filme cada.
Ao fim de um mês tinha o filme pronto. Há ali um belo episódio de Carlos Reichenbach. Mas deixemos de hipocrisia: o que me apaixona mesmo é o segundo episódio, que filmei em condições quase desumanas, com atores que quase se mataram para que se chegasse a algo decente.
Há ali coisas que me agradam, coisas que eu daria tudo para ter refilmado (não havia filme, nem tempo). E há um modo de produção econômico que abortamos, quando deveríamos aperfeiçoá-lo.
(publicado na Folha de S. Paulo de 06 de abril de 2007)
INÁCIO ARAUJO
Por que, numa Sexta-Feira Santa, eu preferiria um filme como "As Safadas" (Canal Brasil, 0h), a, digamos, "Os Dez Mandamentos" (Telecine Cult, 18h10)?
Porque "Os Dez Mandamentos" todo mundo sabe o que é, porque é e até como é. Está recomendado automaticamente.
"As Safadas" é bem o contrário: uma produção ínfima de A.P. Galante, que, durante um tempo de inflação desbragada, soltou três equipes a filmar ao mesmo tempo: prazo de seis dias e cinco rolos de filme cada.
Ao fim de um mês tinha o filme pronto. Há ali um belo episódio de Carlos Reichenbach. Mas deixemos de hipocrisia: o que me apaixona mesmo é o segundo episódio, que filmei em condições quase desumanas, com atores que quase se mataram para que se chegasse a algo decente.
Há ali coisas que me agradam, coisas que eu daria tudo para ter refilmado (não havia filme, nem tempo). E há um modo de produção econômico que abortamos, quando deveríamos aperfeiçoá-lo.
(publicado na Folha de S. Paulo de 06 de abril de 2007)
posted by Diego at
9:49 AM
7 Comments:
O Bernard Hermann tocar na hora que a menina morde a fronha é coisa de cinéfilo mesmo...
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Unknown, at 11:48 PM
Ola. Estive pesquisando para meu tema de monografia (criticos de cinema) e muitas das materia te indicam como um dos melhores do Brasil. Queria saber se voce poderia me dizer como começou sua carreira e como voce se tornou critico de cinema. O que é preciso para se tornara um. Gostaria de inserir seus comentarios no meu trabalho! Meu email é camylima85@hotmail.com. Se você puder responder ficaria muito grata!
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Anonymous, at 6:30 AM
Nunca havia visto Aula de Sanfona, mas já sabia da fama que cercava o episódio e não fiquei desapontado: realmente achei-o excelente.
O orçamento minguado, assim como no episódio do Carlão também, não afetou as qualidades do filme.
Se os atores quase o mataram, o sacrifício foi recompensado: todos estão excelentes, numa muito bem trabalhada canastrice. Junto com alguns outros poucos exemplos, prova inconteste de que as pornochanchadas podem comportar sutilezas e ambiguidades. Pena, como você mesmo salienta, que este modo de produção por vezes vigoroso tenha sido abortado.
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Anonymous, at 12:46 PM
olá, inácio. nada a ver com "aula de sanfona": o que vc destaca nos lançamentos do rohmer e do wenders em dvd nacional? tudo? abraço.
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viniaba, at 6:33 PM
Olá, Inácio. Sobre o "modo de produção econômico", vocÊ já ouviu falar na PAX? Dá uma olhada no site desse pessoal, que está justamente pretendendo aperfeiçoar novos métodos e processo mais mairatos do fazer filmes, enquanto a maioria estuda como aumentar os recursos para seus longas. É www.paxfilmes.com.br. Um grande abraço!
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Anonymous, at 7:40 AM
A julgar pela 'Aula de sanfona', o cinema perdeu um cineasta e ganhou um crítico, considerando já haver no filme 'sugestões' cinematográficas insinuantes que demonstram haver, atrás das câmeras, um fiel escudeiro da cinefilia.
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André Setaro, at 4:10 PM
Pior é ver que tem um canal pago de "cinema alternativo" que no período diurno praticamente só passa filmes comerciais de Hollywoood, os quais os cinéfilos alternativos tanto questionavam e que nunca admitiriam ser "também cinema alternativo". Filmes realmente alternativos, só do horário nobre para a madrugada. Haja café para ficar acordado!!
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Anonymous, at 2:00 PM
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