Canto do Inácio

Thursday, April 05, 2007

NAS ARTES PLÁSTICAS
INÁCIO ARAUJO

Sururu nas artes plásticas. É o cinema na vanguarda, transmitindo seu exemplo de inconsistência a outras artes.

Bia Lessa faz a cenografia de uma exposição e coloca os quadros no chão.

Os pintores protestam e a imprensa faz barulho.

A exposição se enche. A imprensa adota seu valor máximo (o ibope, o mercado) ao noticiar que a exposição é um sucesso, pois vai mais gente do que em outras feitas no mesmo local.

Visitantes cujas cartas são publicadas acham que os pintores são uns caretas pois não aceitam as inovações.

Por etapas.

1. A questão não é ser contra ou favor de inovações, mas nem tudo que não foi feito antes pode ser considerado novo. Há coisas que não se faz porque não têm pé nem cabeça.

Se alguém decidir editar um livro com páginas de ponta-cabeça não estará inovando. Se alguém resolver projetar um filme com a emulsão invertida, não será um projecionista revolucionário.

A Bia Lessa pode ter até coisas interessantes, não sei (não é na área de cinema, em todo caso: "Crede-Mi" é risível), mas já havia feito uma coisa completamente estapafúrdia na exposição dos 500 Anos. Você entrava no Barroco para ver o Aleijadinho, mas via a Bia Lessa.

2. O que é chato nisso não é tanto o fato em si. Mas consolida-se essa idéia de que qualquer besteira, quando feita no Brasil, não é uma besteira, é uma "polêmica". Em outras palavras, isso significa que tudo é indiferente. Daí que temos hoje a literatura que temos, o cinema que temos, o etc. que temos, de que o mundo parece não sentir a menor falta.

5 Comments:

  • Exato.
    Bia Lessa não parece entender a arte senão, e somente, como um evento. Ponto.
    O burburinho.
    Bia Lessa está para as artes plásticas, como As Noites do Horror do Playcenter está para o happening.

    By Blogger Francis Vogner dos Reis, at 8:20 AM  

  • engraçado como As Noites do Horror não é levada pras galerias.

    By Blogger Francis Vogner dos Reis, at 8:25 AM  

  • Francis

    Você quer dizer que, se sair de casa após as 19h em direção à galeria, não verá Noite de Horror? Suas imagens são ótimas e a síntese do Inácio no Brasil 500 anos, precisa. Isso só acontece entre nós porque existe uma valorização do autoralismo-umbigo-autista e uma permissividade com o "vale tudo em nome da estética do eu". Nosso paradigma de autor está em "gracejos e acrobacias", não em uma autoralidade que, independentemnte de sua forma, revela e expressa algo para fora de seu enunciador, porém a partir dele, com a sua maneira de revelar e de expressar.

    By Blogger Cléber Eduardo, at 12:15 PM  

  • Inácio,

    Você parte de premissas corretas(a pretensão de Bia Lessa) para chegar a conclusões erradas ( "a literatura que temos, o cinema que temos, o etc que temos...").

    Sinceramente, estou cansado de ouvir/ler pessoas (críticos ou não) fazendo tábula rasa do cinema brasileiro como se ele de tão fraco que seria, deveria estar sempre recomeçando. A lista de filmes brasileiros importantes, para só ficarmos nos últimos dois anos é enorme: "Cinema, Aspirinas e Urubus", "Cidade Baixa", "O Céu de Suely", "O Ano em Que Meus Pais Sairam de Férias", "Vida de Menina","Os Doze Trabalhos",Árido Movie", "Crime Delicado","500 Almas", etc, etc... No É Tudo Verdade" deste ano vimos o maravilhoso "Santiago" de João Moreira Salles. Ainda temos várias grandes expectativas por estrearem: "O Baixio das Bestas", "Proibido Proibir", "Os Desafinados","Cão sem Dono", "A Casa de Alice","Deserto Feliz", etc..etc...E olha que nem preciso mencionar o aclamado "Serras da Desordem"...

    Assim não há porquê criar um panorama catastrófico para o cinema brasileiro contemporâneo.

    Do que é publicado em termos de literatura brasileira, com suas atividades de crítico de cinema que tem que ver/rever também inúmeras bombas do cinema ( principalmente do cinema americano),além de filmes significativos,para fazer crítica de cinema na TV, duvido que consiga tempo para ler um centésimo do que se faz em literatura no país hoje. Assim não se pode criticar o que não se conhece.

    Chega de baixa-estima desnecessária no Brasil.O mundo lá fora não está sentindo falta das pessoas que morrem no Iraque, nem do clima que está alterado, dentre outras coisas. Não vai sentir falta do cinema ou da literatura brasileira. Por melhores que sejam.
    Nelson

    By Anonymous Anonymous, at 7:07 AM  

  • Vc qeima??

    By Anonymous Anonymous, at 3:52 PM  

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