"MUTUM" E "CASA DE ALICE"
INÁCIO ARAUJO
Como não sabia nada sobre o filme, nem que era Guimarães Rosa, nem nada, no começo de "Mutum" imaginei uma coisa absolutamente idiota. Quando entram aquelas crianças pensei: "Que legal! É uma comunidade croata, ou coisa assim, que se estabeleceu no Brasil, se acaboclou, mas preservou a língua original".
Ok, depois eu vi que não era nada disso. Mas o fato de não compreender nada do que diziam (o som estava abafado à beça e acho que não era só do cinema, não) até que está de acordo com o GR.
E de todo modo o filme é muito bem levado, muito interessante. A morte do irmão, desde que é anunciada (o pé aparece ferido e a gente já sabe o que vai acontecer) é notável. O momento em que a menina aparece com duas havaianas, uma de cada cor, é ótimo.
Já o "Casa de Alice" não me encantou. Não é um diretor para riscar do mapa, mas o filme é bem paulista, no sentido de que me parece meio feito para agradar, por um lado, e sem relação com a tradição, por outro. Mas tem inteligência, apesar desse tom "cinema brasileiro de pobre", tão característico do cinema paulista.
INÁCIO ARAUJO
Como não sabia nada sobre o filme, nem que era Guimarães Rosa, nem nada, no começo de "Mutum" imaginei uma coisa absolutamente idiota. Quando entram aquelas crianças pensei: "Que legal! É uma comunidade croata, ou coisa assim, que se estabeleceu no Brasil, se acaboclou, mas preservou a língua original".
Ok, depois eu vi que não era nada disso. Mas o fato de não compreender nada do que diziam (o som estava abafado à beça e acho que não era só do cinema, não) até que está de acordo com o GR.
E de todo modo o filme é muito bem levado, muito interessante. A morte do irmão, desde que é anunciada (o pé aparece ferido e a gente já sabe o que vai acontecer) é notável. O momento em que a menina aparece com duas havaianas, uma de cada cor, é ótimo.
Já o "Casa de Alice" não me encantou. Não é um diretor para riscar do mapa, mas o filme é bem paulista, no sentido de que me parece meio feito para agradar, por um lado, e sem relação com a tradição, por outro. Mas tem inteligência, apesar desse tom "cinema brasileiro de pobre", tão característico do cinema paulista.
5 Comments:
Inácio, estou ansioso para você falar alguma coisa do Festival de Brasília. Você foi jurado, né? Eu, particularmente, adoro o Bressane. Gostei muito do "Dias de Nietzsche em Turim". Mas há de se concordar que os filmes dele são bem difíceis e complicados. Até aí isso não é motivo para o filme ser vaiado do jeito que foi. Abs.
By Wolf, at 11:26 AM
Wolf,
é um problmea: eu fui jurado.
E quando isso acontece é muito difícil falar sobre o resultado: acho que não ´há jurado que não saia um pouco (ou muito) contrariado da sala, além de exausto.
O que posso dizer: não percebi nenhuma atitude não ética dos meus colegas. Se às vezes eu entendia uma coisa e alguns deles outra, isso não era porque alguém decidiu premiar algum filme a todo custo.
Enfim, desculpe´mas é isso.
By Anonymous, at 2:45 PM
Acho que não é necessário comentar o filme, nem a premiação em si deste ano, mas o histórico de premiações de Bressane no evento.
É uma overdose incrível, poucas vezes vi assim em todo o mundo, um determinado cineasta ganhar tantas vezes melhor filme de um evento, fora os prêmios de direção junto com o de filme, e os separados (por "Mandarim" Bressane ganhou "só" o de direção).
Chega né? Tá na hora de dar espaço para outros. E fazer de Bressane o Clóvis Bornay do festival de cinema de Brasília. Hors Concours.
By Anonymous, at 3:32 PM
Olás,
Sobre "Mutum" e "A Casa de Alice", os dois filmes me impressionam pela proximidade com os personagens em seu universo particular... e o modo "natural" como nos são revelados. É como se a câmera não estivesse lá.
Encantam as crianças em "Mutum", como toda sua espontaneidade. A cena em que cantam uma canção com a empregada, enquanto a ajudam a preparar algo na cozinha é um belo exemplo disso.
Já em "A Casa", incomodam os filhos da protagonista em "A Casa", com aquele tipo de intimidade agressiva e ciúme edipiano -- uma violência e uma "anti-ética" prontas a explodir a qualquer momento... algo que não me parece muito raro nas famílias brasileiras, pobres ou não. (Pequenos detalhes como o irmão mais novo pedindo à vó que lhe monte o prato de comida revelam esse olhar atento do diretor... gostei!)
Abraços, do sempre leitor.
Carlos Lopes
By Anonymous, at 7:32 PM
Me corrijo. Bressane levou "só" direção por "Dias de Nietzsche em Turim". "Mandarim" levou filme e direção.
By Anonymous, at 8:01 AM
Post a Comment
<< Home