O CEU DE SUELY
INÁCIO ARAUJO
Estranha, minha relação com esse filme. Enquanto via, aquilo tudo me aborrecia profundamente, especialmente a percepção de que nada ia para parte alguma.
Já me agradavam muito as atuações e sobretudo certos diálogos, entre Suely e a tia em especial. Me desagradavam certas imagens muito pintadas, muito estetas.
Depois que o filme terminou, a impressão melhora progressivamente. Esse mundo de pura superfície em que vive a personagem, essa garota pobre que troca de roupa a cada cena, esse fim de mundo invadido consumo, o provisório das experiências, sua falta de consequência, esse Nordeste tão distante de nossos clichês de Nordeste.
Enfim, tirando essas imagens muito pintadas, como aquele posto de gasolina que parece saído de um videogame, hoje o filme já me parece muito mais interessante.
Qualquer dia talvez eu consiga achar fantástico, como quase todo mundo.
O que continua a me incomodar no filme é a sensação de que ele não é feito com as pessoas, mas que elas são objeto do filme, de uma reflexão. Elas existem para o filme, não para si.
Isso para mim é o correlato, em termos de construção dos personagens, a essas imagens um tanto "recherchées" do filme.
INÁCIO ARAUJO
Estranha, minha relação com esse filme. Enquanto via, aquilo tudo me aborrecia profundamente, especialmente a percepção de que nada ia para parte alguma.
Já me agradavam muito as atuações e sobretudo certos diálogos, entre Suely e a tia em especial. Me desagradavam certas imagens muito pintadas, muito estetas.
Depois que o filme terminou, a impressão melhora progressivamente. Esse mundo de pura superfície em que vive a personagem, essa garota pobre que troca de roupa a cada cena, esse fim de mundo invadido consumo, o provisório das experiências, sua falta de consequência, esse Nordeste tão distante de nossos clichês de Nordeste.
Enfim, tirando essas imagens muito pintadas, como aquele posto de gasolina que parece saído de um videogame, hoje o filme já me parece muito mais interessante.
Qualquer dia talvez eu consiga achar fantástico, como quase todo mundo.
O que continua a me incomodar no filme é a sensação de que ele não é feito com as pessoas, mas que elas são objeto do filme, de uma reflexão. Elas existem para o filme, não para si.
Isso para mim é o correlato, em termos de construção dos personagens, a essas imagens um tanto "recherchées" do filme.
5 Comments:
Engraçado. Acabei de ver um filme (com johnny depp, por sinal) e estava pensando comigo: "Nossa! Quanta psicologia, quanta subjetividade, quantas técnicas existem no cinema! Eu queria realmente aprender a ver filme". Com essa idéia, de que se aprende a como ver um filme, eu fui "caçar" sites que pudessem me ensinar tal arte. Achei uns. Li um elogiado nome: Inácio Araujo. Por ventura, achei o blog dele. "Seria ele mesmo?". Pensei. Puxa vida, bem que ele poderia me dar dicas de como ver filmes. Eu realmente creio que existam "técnicas", ou detalhes que passam despercebidos por olhos destreinados. Claro que há ! Enfim, preciso de ajuda.
By alexandre, at 6:24 PM
Salve, Inácio! Que bom vê-lo nesse "canto" da internet. Entendo perfeitamente seu problema como "Suely", mas o que para você foi problema, para mim foi encantamento. Enfim, um filme brasileiro que não é feito para prestar contas ao cinema brasileiro. Karim esvazia o típico, tanto do Nordeste quanto de sua representação habitual. A indiferença de Suely para com o próprio corpo dita a linguagem do filme. Achei sensacional. Abraço grande, Carlos Alberto Mattos
By Anonymous, at 7:04 PM
Concordo plenamente... tive a mesma sensação.
By Anonymous, at 7:56 PM
Comigo ocorreu o contrário: estava emocionado ao final da sessão, mas com o tempo o filme se apequena na memória.
By Marcelo V., at 7:16 PM
Somos em casa seus seguidores. E queria ler uma crítica mais detida deste filme, que acredito ser merecedor de suas preciosas avaliações. Assistimos ao filme este fim de semana (tem sido reprisado no Canal Brasil)emocionados, o que perdura. Acho que estou procurando sua legenda.
By Unknown, at 7:44 AM
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