SUELY CÉU E INFERNO
INÁCIO ARAUJO
Karin Aïnouz não é nenhum incauto. Dirige bem seus atores, trabalha-os cutucando atuações tão espontâneas que, em determinados momentos soa puro improviso, algo que vai se construindo à nossa frente.
Aïnouz sabe bem o que quer. Hermila ou Suely está longe do clichê da nordestina desvalida, retirante, sofredora. Muda de roupa uma vez polr cena. Nunca as repete. Seus olhos brilham no mercado. Ela sai com o cara da moto.
Quando o marido a passa para trás, Hermila não se aperta: troca de roupa e rifa a si própria. Vende "uma noite no paraíso", como diz.
Muito bom abandonar os velhos clichês do Nordeste. Mas a substituição leva a quê? Esse cinema da epiderme (ou da constatação da existência epidérmica) sofre de expor vaziamente o vazio dos personagens. Substitui o vazio por estética, imagens que parecem não raro fotos coloridas, compostas com muito cuidado, mas, não sei, pessoalmente não me dizem nada.
Fico por fora. Outros vibram. Me parece um pouco o culto da forma. Isso já havia acontecido com Madame Satã. É respeitável, Karim Aïnouz evidentemente procura alguma coisa. Apenas eu acredito que não tenha encontrado. Como a personagem, parece que troca de roupa para rodar cada nova cena. Quem quiser que goste. Pra mim é um inferno.
INÁCIO ARAUJO
Karin Aïnouz não é nenhum incauto. Dirige bem seus atores, trabalha-os cutucando atuações tão espontâneas que, em determinados momentos soa puro improviso, algo que vai se construindo à nossa frente.
Aïnouz sabe bem o que quer. Hermila ou Suely está longe do clichê da nordestina desvalida, retirante, sofredora. Muda de roupa uma vez polr cena. Nunca as repete. Seus olhos brilham no mercado. Ela sai com o cara da moto.
Quando o marido a passa para trás, Hermila não se aperta: troca de roupa e rifa a si própria. Vende "uma noite no paraíso", como diz.
Muito bom abandonar os velhos clichês do Nordeste. Mas a substituição leva a quê? Esse cinema da epiderme (ou da constatação da existência epidérmica) sofre de expor vaziamente o vazio dos personagens. Substitui o vazio por estética, imagens que parecem não raro fotos coloridas, compostas com muito cuidado, mas, não sei, pessoalmente não me dizem nada.
Fico por fora. Outros vibram. Me parece um pouco o culto da forma. Isso já havia acontecido com Madame Satã. É respeitável, Karim Aïnouz evidentemente procura alguma coisa. Apenas eu acredito que não tenha encontrado. Como a personagem, parece que troca de roupa para rodar cada nova cena. Quem quiser que goste. Pra mim é um inferno.
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