INÁCIO ARAUJO
Não é todo dia que alguém faz um filme como "Uma Rua Chamada Pecado". Isto é, não é todo dia que alguém traz para a tela, pela primeira vez, a dramaturgia de Tennessee Williams.
Estávamos em 1951 e, de repente, o cinema (norte-americano) se enchia de seres complexos, contraditórios, ricos e precários. O cinema deixava de ser um Olimpo e descia aos homens.
Não é surpreendente que tenha sido Elia Kazan a realizar a proeza. Ele que chegara ao cinema com a fama de um dos maiores diretores de teatro dos EUA. Agora, ele assumia plenamente esse lado teatro e deixava de lado uma série de convenções do cinema. Trocava-as pelas mais adultas do teatro, é verdade. Mas a troca era vantajosa: dela, vinha a história de Blanche Dubois e do seu conflito com o grosseiro Kowalski.
Que, por sinal, era o personagem que introduzia Marlon Brando no cinema. De maneira que Kazan trazia o cinema ao mundo dos homens. Mas nem tanto assim.
(texto publicado na Folha de S. Paulo do dia 18 de abril de 2008)
1 Comments:
Glauber em Terra em Transe cita Mário Faustino: "Não conseguiu firmar o nobre pacto/ Entre o cosmos sangrento e a alma pura /(...) Gladiador defunto mas intacto/ Tanta violência mas tanta ternura".
By jose, at 6:35 PM
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