UM PLANO DE MARK ROBSON
INÁCIO ARAUJO
Peguei no meio "Meu Maior Amor", do Mark Robson.
Aí há uma cena em que está uma funcionária sentada, datilografando. Ao fundo, entra a Susan Hayward e fala com ela.
A funcionária encaminha Susan a falar com a superiora, dirigindo-se à esquerda do quadro. Susan vai atrás dela e a câmera a acompanha em panorâmica, ela se aproxima, o quadro se fecha até o PP dela.
Ela passa e o quadro se abre novamente. Vemos então uma ampla sala. No fundo, à esquerda, uma senhora (a quem Susan procura), no centro, Susan, de costas. À dir., bem no canto, a funcionária que a levou até lá.
O Mark Robson não é nenhum gênio, mas o filme tem momentos como esse, de muita fluência. A questão é que, quando você vê uma coisa assim, depois não tem como defender "Ó Pai, Ó", por exemplo.
Porque não é um tecnicismo, cara Rosário. Assim como o fraseado do Machado de Assis não é um tecnicismo: é o que ele é.
Cinema não é tão diferente. Cinema, no fundo, são aproximações e distanciamentos. Isso vale para qualquer parte do mundo. Não adianta querer inventar a roda.
INÁCIO ARAUJO
Peguei no meio "Meu Maior Amor", do Mark Robson.
Aí há uma cena em que está uma funcionária sentada, datilografando. Ao fundo, entra a Susan Hayward e fala com ela.
A funcionária encaminha Susan a falar com a superiora, dirigindo-se à esquerda do quadro. Susan vai atrás dela e a câmera a acompanha em panorâmica, ela se aproxima, o quadro se fecha até o PP dela.
Ela passa e o quadro se abre novamente. Vemos então uma ampla sala. No fundo, à esquerda, uma senhora (a quem Susan procura), no centro, Susan, de costas. À dir., bem no canto, a funcionária que a levou até lá.
O Mark Robson não é nenhum gênio, mas o filme tem momentos como esse, de muita fluência. A questão é que, quando você vê uma coisa assim, depois não tem como defender "Ó Pai, Ó", por exemplo.
Porque não é um tecnicismo, cara Rosário. Assim como o fraseado do Machado de Assis não é um tecnicismo: é o que ele é.
Cinema não é tão diferente. Cinema, no fundo, são aproximações e distanciamentos. Isso vale para qualquer parte do mundo. Não adianta querer inventar a roda.
5 Comments:
Que filme é esse? Não estou encontrando no IMDb. Abraços
By Anonymous, at 9:59 AM
Tuco, o título original é "My Foolish Heart", filme de 1949.
By Anonymous, at 11:11 AM
Tocou na ferida, fez ver, neste 'post, o que é a arte do filme, fez compreender o cinema. Grande parte da crítica, no entanto, e infelizmente, não compreende, como você compreende, a maestria de um momento como o citado, de Mark Robson. Saber observar isso é descobrir a chave do cinema.
By André Setaro, at 9:48 AM
Oi, Inácio, acompanho seu blog, seus comentários e gosto muito. Agora, fiquei curioso, qual é a polêmica entre você e a Rosário? Agradeço se vc puder esclarecer...
Obrigado.
By Anonymous, at 10:02 AM
Comentário cirúrgico, digamos.
By Ivan, at 7:45 AM
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