DE PALMA/LYNCH
INÁCIO ARAUJO
Trecho de um texto de Vladimir Safatle. Me parece que o que diz a respeito de Lynch se aplica, em outra escala, a “Dália Negra”: dos clichês, da gramática vazia, buscar extrair instabilidades, a possibilidade de novos significados, novas formas. O trabalho do De Palma sempre foi nessa direção: reescrever o escrito, redizer o dito, encontrar novos sentidos. Desta vez, em Dália Negra, o mundo parece apenas mais vazio, mais desprovido de verdades que, no passado, nos satisfaziam, mas que hoje se mostram descarnadas, sem verdade à força de serem usadas e reusadas.
“Lynch nos oferece uma via de sublimação ao se servir de um dos dispositivos maiores da arte contemporânea, cujo eixo de desenvolvimento está exatamente em forçar suas margens ao introduzir instabilidade naquilo que, de tão visto, parecia não poder significar mais nada. O que era muito familiar deve se transformar em estranho. Um procedimento que Lynch já havia levado ao extremo em Twin Peaks com sua história da pequena cidade pacata e idílica que, aos poucos, vai se dissolvendo em uma rede de conflitos obscuros e interferências sobrenaturais. Ao saber instaurar conflito na utilização de formas gastas da história do cinema e de uma gramática vazia, Lynch é capaz de filmar com ruínas.”
INÁCIO ARAUJO
Trecho de um texto de Vladimir Safatle. Me parece que o que diz a respeito de Lynch se aplica, em outra escala, a “Dália Negra”: dos clichês, da gramática vazia, buscar extrair instabilidades, a possibilidade de novos significados, novas formas. O trabalho do De Palma sempre foi nessa direção: reescrever o escrito, redizer o dito, encontrar novos sentidos. Desta vez, em Dália Negra, o mundo parece apenas mais vazio, mais desprovido de verdades que, no passado, nos satisfaziam, mas que hoje se mostram descarnadas, sem verdade à força de serem usadas e reusadas.
“Lynch nos oferece uma via de sublimação ao se servir de um dos dispositivos maiores da arte contemporânea, cujo eixo de desenvolvimento está exatamente em forçar suas margens ao introduzir instabilidade naquilo que, de tão visto, parecia não poder significar mais nada. O que era muito familiar deve se transformar em estranho. Um procedimento que Lynch já havia levado ao extremo em Twin Peaks com sua história da pequena cidade pacata e idílica que, aos poucos, vai se dissolvendo em uma rede de conflitos obscuros e interferências sobrenaturais. Ao saber instaurar conflito na utilização de formas gastas da história do cinema e de uma gramática vazia, Lynch é capaz de filmar com ruínas.”
6 Comments:
... nenhuma linha sobre Antonioni ... ele não merece o seu silêncio, Inácio ...
By Anonymous, at 12:10 PM
Leia a Folha de São Paulo, animal.
By Anonymous, at 2:25 PM
Nenhuma linha sobre Bergman, também.
E não quero ler a Folha, quero ler esse blog!
By Anonymous, at 8:28 PM
Olha pessoal, é bom lembrar que este não é um blog comum, na medida que é um blog que o Diego criou para colar textos antigos do Inacio e que o Inacio descobriu e começou a enviar alguns exclusivos para cá. O que eu quero dizer é, o Inacio não tem com este blog o mesmo compromisso que por exemplo o Zanin e o Merten tem com os deles. O blog sempre me pareceu ao Inacio uma especie de complemento a atividade critica que ele excerce em outros espaços, nesse caso tanto o Bergman como o Antonioni foram alvos de artigos na Folha semana passada (talvez o Diego possa cola-los).
By Anonymous, at 3:07 AM
Ainda tem uma nota sobre as atrizes nos filmes do Bergman pra publicar. Pretendia postar o texto da Folha sobre o cineasta como introdução para a nota, mas como eu comecei as atualizações pelos comentários do Inácio sobre televisão, postei o "Laranja Mecânica" antes de qualquer texto sobre os cineastas falecidos.
By Anonymous, at 6:53 AM
Valeu Diego ... Não quero arranjar trabalho pra você ... Mas como nem todo mundo tem acesso a Folha e, como disse o Filipe, o Inácio não tem obrigação com este blogue, seria interessante que, quem tem acesso a estes textos da Folha, colassem por aqui ... Bom trabalho risos ...
By Anonymous, at 10:29 AM
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