JOSEPH LOSEY FAZ A DEFESA DA DIFERENÇA
INÁCIO ARAUJO
"O Menino dos Cabelos Verdes" podia ser visto em outros tempos (não necessariamente apenas quando foi feito, em 1948) como uma defesa da diferença, pois tudo gira em torno de um garoto cujos cabelos, de repente, aparecem verdes.
É possível que hoje o filme não tivesse o menor impacto. Primeiro, porque colorir cabelos, de verde inclusive, virou rotina no nosso universo fashion. Segundo, porque criou-se a idéia do politicamente correto, que quase força as pessoas, pela intimidação intelectual, a aceitar o outro.
Aceitar, é verdade, mas não necessariamente compreender. E talvez por isso, por julgar a compreensão necessária, Joseph Losey, o seu autor, tenha precisado, tempos depois, viver na Inglaterra, para fugir de perseguições políticas em seu país.
Ali, desenvolveu longa, bela, frutífera carreira. Morreu em Londres, em 84, aos 75 anos. No MacMahon, tradicional sala de Paris, havia uma foto sua, na "quadra de ases" dos cinéfilos que freqüentavam o cinema.
(texto publicado na Folha de S. Paulo do dia 29 de agosto de 2007)
INÁCIO ARAUJO
"O Menino dos Cabelos Verdes" podia ser visto em outros tempos (não necessariamente apenas quando foi feito, em 1948) como uma defesa da diferença, pois tudo gira em torno de um garoto cujos cabelos, de repente, aparecem verdes.
É possível que hoje o filme não tivesse o menor impacto. Primeiro, porque colorir cabelos, de verde inclusive, virou rotina no nosso universo fashion. Segundo, porque criou-se a idéia do politicamente correto, que quase força as pessoas, pela intimidação intelectual, a aceitar o outro.
Aceitar, é verdade, mas não necessariamente compreender. E talvez por isso, por julgar a compreensão necessária, Joseph Losey, o seu autor, tenha precisado, tempos depois, viver na Inglaterra, para fugir de perseguições políticas em seu país.
Ali, desenvolveu longa, bela, frutífera carreira. Morreu em Londres, em 84, aos 75 anos. No MacMahon, tradicional sala de Paris, havia uma foto sua, na "quadra de ases" dos cinéfilos que freqüentavam o cinema.
(texto publicado na Folha de S. Paulo do dia 29 de agosto de 2007)
1 Comments:
A (talvez triste) ironia é que nem mesmo os MacMahonistas foram muito compreensivos com Losey: arrancaram a foto do famoso hall do MacMahon e o expulsaram da 'quadra de ases' após a estréia parisiense de O CRIADO, filme que Lourcelles e cia. nunca engoliram ("Triste importância deste filme que marca o início do naufrágio de Losey", diz Lourcelles no seu Dicionário dos Cineastas). Triste sina para um homem tão talentoso.
By bruno andrade, at 11:00 AM
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