Canto do Inácio

Friday, May 23, 2008

"HOUSE" VIRA REDUTO DE CRIATIVIDADE INTELIGENTE
INÁCIO ARAUJO


Quem assistiu ao primeiro ano da série sabe o que esperar de "House". Estamos diante de um médico (Hugh Laurie), craque em diagnósticos e de humor ferino.

Para quem não conhece, convém dizer que House é um homem amargo, que quer combater o mal em si (a doença), mas diz não se interessar pelos pacientes, isto é: espera muito pouco dos humanos. Talvez esse espírito sarcástico se deva ao problema na perna, que hoje o obriga a andar de bengala. Talvez ao fato de ter se separado da mulher. O fato é que, como especialista em diagnósticos, House desenvolve um trabalho de detetive que, em vez de tentar localizar um criminoso, tenta identificar um mal.

A série foi criada pelo roteirista David Shore e desde o início impressiona pela qualidade dos diálogos -superiores às situações. Na verdade, não só "House" como as séries em geral são hoje um notável reduto de criatividade no cinema americano atual. A estrutura hipercompetitiva da distribuição tirou de circulação bons cineastas - sobretudo independentes -, entre eles Bryan Singer, produtor-executivo da série e diretor de alguns episódios.

Quando se vê a ficha técnica das séries, é possível encontrar outros nomes de talento, como Allan Arkush. As séries são, hoje, um reduto de imaginação e "know how", sem as pretensões do "cinema independente" americano atual (aspas pelo pouco de independência demonstrada).

No piloto do segundo ano, a ex-mulher de House passa a trabalhar no mesmo hospital que ele. A situação é explosiva e tenta renovar seus conflitos no hospital e adiar o esgotamento da série. Que não parece ser para já: o primeiro episódio promete que o novo ano será bem costurado, bem dialogado, agradável, inteligente, bem dirigido e interpretado. As séries, "House" entre elas, têm muito a dizer no cinema atual.

(texto publicado na Folha de S. Paulo do dia 12 de abril de 2006)

4 Comments:

  • É interessante essa situação, pois a competição acirrada nos Estados Unidos parece fazer aos seus seriados televisos, situação bem diferente do que ocorre no cinema comercial, onde o cinema de ação computadorizado parece ser o único modelo comercialmente viável. Bem diferente do Brasil, onde a globo se fecha em copas em seu "q de qualidade" produzindo uma teledramaturgia insípida, incolor e inodora.

    By Anonymous Anonymous, at 7:21 AM  

  • Fala Inácio, tudo bem? Estou fazendo uma revisão geral nos filmes dessa década para uma lista de melhores 2000-2009, começando por 2000.

    Você tem as listas de melhores de cada ano arquivado que possa me mandar (email: faeeeu@gmail.com, comentário no meu blog) ?

    Obrigado

    By Anonymous Anonymous, at 6:29 AM  

  • Joga o texto sobre o novo Indiana...

    By Anonymous Anonymous, at 8:27 AM  

  • fael, não tenho essas listas.

    quem pode ter é o sesc, que faz todo ano a listagem dos melhores (embora não publique os 10 de cada crítico).

    By Anonymous Anonymous, at 11:29 AM  

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