Canto do Inácio

Tuesday, October 16, 2007

DE VOLTA
INÁCIO ARAUJO

Bloqueado: não consigo escrever nada sobre o Tropa de Elite (para quem pediu texto sobre “Santiago”: está na Folha; o Diego pode reproduzir quando quiser).

Acho que é porque me parece insano dizer que este filme é fascista ou coisa assim. Ele é até muito bem resolvido, porque estabelece uma dissociação entre filme e narrador muito interessante. E o processo de enlouquecimento dos policiais, o capitão à frente, mas também o aspirante que sobrevive, dá bem medida da extensão do problema.

Dito isso, é um filme do “grande tema”. Pertinente, necessário. Mas não me peçam, por favor, para aderir. Me parece um filme de sala de montagem, onde o cara filma coberturas por todos os lados para depois ver no que dá.

Não me surpreende que o Padilha, no que pude assistir de um “Roda Viva” (a parte final) só falasse de questões policiais. Falar de cinema foi para dizer que não vê cinema como obra de uma pessoa só. É claro que não é, mas não precisamos nos dar a essas platitudes só para justificar a ausência de ponto de vista. Porque é um filme sem ponto de vista.

5 Comments:

  • Bom, Ig, no fundo, já escreveu.
    E acho que foi o primeiro texto que li que analisa o filme do ponto de vista cinematográfico.
    Até agora só tinha lido discussões sobre se faz ou não apologia da tortura, se é ou não facista, se o consumidor é ou não responsável pelo tráfico.

    By Anonymous Anonymous, at 1:06 PM  

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    By Blogger Filipe Furtado, at 10:25 AM  

  • Tendo a concordar. É um filme de tese, e não surpreende que como frequentemente acontece neste tipo de cinema ele é muito mal resolvido quando sai do foco principal, agora existe algo ali entre o trabalho dos atores e de camera que alcança um vigor dentro daquela apresentação do universo policial que é bem forte, apesar do esquematismo e da fragilidade do filme fora da policial.

    By Blogger Filipe Furtado, at 10:27 AM  

  • E o aclamado Elefante também não seria um filme de "grande tema"(um massacrão)?E, apesar de certas virtudes formais possíveis, também não apresenta ponto de vista.

    By Blogger A.C., at 1:10 PM  

  • É, mas este enlouquecimento nos é mais falado que mostrado. Não consigo enxergar uma crise ou histeria na imagem, que justifiquem a abordagem cinematográfica, só há a narração (off)do protagonista. Sem contar que os problemas expostos me parecem de um ponto-de-vista (?) muito simplista. Se o problema, de certa parte, é com a classe média que "financia" o tráfico, por que então o BOPE não troca seu foco do morro para o Leblon? Enfim, o filme me soou como um sectarismo cabralista.
    Cinermatograficamente, acho um filme fraco

    By Blogger William Salgado, at 3:11 AM  

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