Canto do Inácio

Monday, October 15, 2007

"A VILA" COLOCA NOÇÃO DE PARAÍSO TERRESTRE NA BERLINDA
INÁCIO ARAUJO

A melhor coisa que pode acontecer é entrar no cinema sem grande expectativa e encontrar ali uma obra que anuncia o nascimento de uma personalidade original. Era assim com "O Sexto Sentido".

Apesar das oscilações normais, o que se seguiu confirmava M. Night Shyamalan como um cineasta que convém acompanhar. É possível que "A Vila" seja seu filme mais interessante até hoje.

E por interessante entenda-se, aqui, misterioso. Estamos numa comunidade perdida no tempo e no espaço. Quando estamos? No século 18, no 19? Não se sabe ao certo. Sabe-se que ela é diferente porque é cercada de seres misteriosos que vivem na floresta e se mostram dispostos a atacar quem quer que ouse sair do local.

As pessoas vivem felizes ali e não pensam em sair. Ao menos até que um jovem precisa de remédios para sobreviver.

Será preciso então que alguém enfrente as forças sobrenaturais e busque os tais remédios.

Existe algo no filme que diz respeito a nossos terrores e à necessidade de enfrentá-los.

Ou ainda ao sentimento de se achar cercado, o mundo exterior mostrando-se opressivo.Ao mesmo tempo, é a noção de um paraíso terrestre algo regressivo que M. Night Shyamalan coloca na berlinda.

Será que podemos conceber um mundo, ou um lugar do mundo, que esteja livre do tempo e de seus dissabores? Será que podemos de fato nos colocar fora da história? "A Vila" é povoado por estas e outras questões.

(texto publicado na Folha de S. Paulo do dia 29 de abril de 2006)

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