FILME CONTRA O RACISMO FICA NA BOA VONTADE
INÁCIO ARAUJO
Primeira história: não sei se o personagem era Michael Jordan ou algum outro, mas em essência era assim: o sujeito adorava Michael Jordan, mas era racista. Um dia ele encontra o ídolo, que lhe pergunta como o cara podia gostar dele e ser racista ao mesmo tempo. E o cara responde que ele não era negro, era Michael Jordan.
Segunda história: Fritz Lang é convocado por Goebbels e convidado a assumir a direção do cinema nazista na Alemanha de 1933. Lang diz que não seria possível, porque ele era meio judeu, por parte de mãe ou de pai. E Goebbels: "Aqui quem decide quem é judeu ou não somos nós".
Ou seja, o racismo é um fenômeno irracional, de maneira que filmes de boa vontade, como "Mississipi em Chamas", por mais que se oponham a ele, acabam errando o alvo: é perfeitamente possível torcer contra os vilões racistas e permanecer preconceituoso. Em todo caso, há uma boa aventura no filme de Alan Parker. A ela.
(texto publicado na Folha de S. Paulo do dia 08 de julho de 2008)
INÁCIO ARAUJO
Primeira história: não sei se o personagem era Michael Jordan ou algum outro, mas em essência era assim: o sujeito adorava Michael Jordan, mas era racista. Um dia ele encontra o ídolo, que lhe pergunta como o cara podia gostar dele e ser racista ao mesmo tempo. E o cara responde que ele não era negro, era Michael Jordan.
Segunda história: Fritz Lang é convocado por Goebbels e convidado a assumir a direção do cinema nazista na Alemanha de 1933. Lang diz que não seria possível, porque ele era meio judeu, por parte de mãe ou de pai. E Goebbels: "Aqui quem decide quem é judeu ou não somos nós".
Ou seja, o racismo é um fenômeno irracional, de maneira que filmes de boa vontade, como "Mississipi em Chamas", por mais que se oponham a ele, acabam errando o alvo: é perfeitamente possível torcer contra os vilões racistas e permanecer preconceituoso. Em todo caso, há uma boa aventura no filme de Alan Parker. A ela.
(texto publicado na Folha de S. Paulo do dia 08 de julho de 2008)
1 Comments:
Toda essa história do obama me lembrou justamente esse texto do inácio: Em todo esse processo de eleição do dito cujo parecia que estávamos vendo um filme, em que toda a importância simbólica do momento foi reduzida em favor de uma trama de fácil assimilação.
Também gosto do spike lee por deixar de lado os encantos da arte cinematográfica em favor de um cinema mais aguerrido, como faz de maneira uma tanto mais rústica o Michael Moore: Pode-se questionar os procedimentos e resultados, mas na medida em que o realizador se expõe de maneira tão contundente passa a fazer valer sua visão de mundo.
Também peço para o Diego colocar alguns textos que o Inácio fala do bate-boca entre o Clint Eastwood e o Spike Lee por causa do filme do Charles Parker.
By sensei allegro, at 3:17 AM
Post a Comment
<< Home