UMA CONVERSA
INÁCIO ARAUJO
Quando eu falo (mal) deste ou daquele filme, o problema não é este ou aquele filme.
Alguns comentários dão a entender que a gente deve ser mais caseiro, aceitar melhor nossos filmes.
Ok, podemos fazê-lo. O problema é: de que adianta isso se o público não segue?
Se o público vai atrás do Daniel Filho, dois milhões por filme, a gente pode discutir: é por aí, não é, é TV, não é, etc.
Mas, se você faz o filme "comercial" e ninguém vai ver, que é a norma hoje em dia, então para que serve esse "comercial"?
Não estou aqui para encaveirar pessoas no mais muito simpáticas que fazem estes filmes. Não é bem isso. A questão é: para onde se encaminha nosso cinema "industrial"?
Essa é a conversa que precisamos ter.
INÁCIO ARAUJO
Quando eu falo (mal) deste ou daquele filme, o problema não é este ou aquele filme.
Alguns comentários dão a entender que a gente deve ser mais caseiro, aceitar melhor nossos filmes.
Ok, podemos fazê-lo. O problema é: de que adianta isso se o público não segue?
Se o público vai atrás do Daniel Filho, dois milhões por filme, a gente pode discutir: é por aí, não é, é TV, não é, etc.
Mas, se você faz o filme "comercial" e ninguém vai ver, que é a norma hoje em dia, então para que serve esse "comercial"?
Não estou aqui para encaveirar pessoas no mais muito simpáticas que fazem estes filmes. Não é bem isso. A questão é: para onde se encaminha nosso cinema "industrial"?
Essa é a conversa que precisamos ter.
6 Comments:
Inácio,
Exemplos como os da Corea e Japão não seriam bons como exemplo para um início de conversa sobre o tema?
Hospedeiro e Escola do Riso podem ser entendidos por um amplo público mas tb por quem deseja mais que mero entretenimento. Filmes domésticos têm conseguido uma participação superior a 50% em seus países, segundo ouvi em uma aula. Não é fantástico?
Grande abraço, Kiyoko
By Nae, at 5:04 PM
Inácio,
Eu continuo acreditando que o caminho do cinema brasileiro são todos os caminhos. Falar em cinema “industrial” até tem sentido. Mas será o cinema que mais nos interessa? Por mais que não se goste ( eu gosto) de “Proibido Proibir” dá para colocá-lo realmente num escaninho “industrial”? Será que o próximo filme de Durán é previsível?
“O Baixio das Bestas”, os filmes de Beto Brandt , os de Walter Salles, etc, têm de industrial aquilo que qualquer cinema não tem como escapar: é uma arte-indústria. Mas “cinema industrial” me lembra os filmes de Daniel Filho, Xuxa, Didi e este “Inesquecível” (que poderia se chamar “Inacreditável”) que flerta com as novelas de televisão descaradamente e parece feito, por computador (com os dados da Filme B), para “agradar” o público, esta “meta” tão difícil hoje no cinema brasileiro. Deve ser um tiro pela culatra na bilheteria. Cheguei a rir em cenas teoricamente dramáticas.
Sua idéia de que se tivesse poder na ANCINE criaria um departamento de marketing para saber o que os espectadores querem assistir é, para mim, um equívoco. O espectador tende a ser conservador. Para ele deve ser oferecido aquilo que ele não espera (Altman enfatizou isto quando lançou “O Jogador”).
“Zodíaco” contraria a expectativa das pessoas em relação ao que seja um filme de serial killer. Foi um fracasso nos EUA. Aqui apesar das críticas bem positivas (pelo menos a sua, a do Ricardo Calil e do Merten) pode ser um fracasso também. Em suma, não desprezo o público, mas nunca acreditei em público como “termômetro de qualidade”. Aliás, nem a crítica também é necessariamente.
As leis de incentivo para captação de recursos não incorporam o risco. Então vamos estudar novos mecanismos e mudá-las. Eu não agüento mais ouvir/ler gente com ar blasé dizendo/escrevendo “que estão mexendo no meu bolso”, numa cantilena neoliberal. Chove gente assim vociferando nos blogs, se achando inteligente por não gostar do cinema brasileiro.
Para o verdadeiro artista diante de tantas controvérsias só há uma saída: se tiver idéias para um filme e conseguir recursos, faça o filme logo, esquecendo dois fantasmas: um se chama público, outro se chama crítica. E aqui não vai nenhum desprezo aos dois. Mas não é possível ficar refém deles para se realizar uma obra de arte.
Abraços,
Nelson
By Anonymous, at 9:42 PM
Caro Inácio, você é um excelente crítico. Sabe tudo de cinema, não é mistério pra ninguém. Eu recorto suas coisas na Folha e colo num caderno, como uma espécie de álbum. Eu fazia isso também com o grande Carlos Motta e hoje faço isso com os seus textos. Mas fico ás vezes pensando Inácio, você mete ferro nos filmes da Globo ou televisivos. Com razão, se bobiar esse tipo de produção não é válido para nossa cultura. Porém, sinceramente, espero que não fique ofendido, mas me parece fácil pra alguém que escreve na Folha de São Paulo falar mal da Rede Globo. Afinal, são concorrentes.
By Anonymous, at 5:16 AM
Aqui da minha terra não posso nem entrar nessa discussão, tendo em vista que aqui só chegam filmes americanos, agora que começa-se a ter discussões sobre cinema arte, um dia desses me surpreendi com um anúncio de que ia passar uma pequena mostra do win wenders, cara, aqui não chega nada, nem industrial, nem comercial, nem arte, os cinemas da cidade são vendidos, cara, aqui é teresina, piauí, a sétima arte aqui vai mal.
By Anonymous, at 5:24 AM
Flamengo dos Santos = Rony Cócegas
By Anonymous, at 6:36 AM
Olha, ontem vi o trailer do mais novo filme do Daniel Filho, "O Primo Basílio", com Glória Pires no papel da empregada Juliana (que na minissérie da Globo foi vivida magistralmente pela marília Pêra), Débora Falabella como Luísa e Reinaldo Gianechini como Basílio.Pelo pouco visto já deu pra perceber que trata-se de mais uma bomba do ex-todo poderoso global que não consegue fazer um filme decente a despeito de todo o seu conhecimento sobre cinema e toda a sua bagagem como diretor e consolidador de uma teledramaturgia revigorante nos anos 70.
By Anonymous, at 1:13 PM
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